“ambiente de comunicação em rede, apresentando um forte sentido de
especialização das actividades bem como características de organização próprias
ao espaço virtual no desenvolvimento das interacções sociais e cognitivas.”
No entanto, para que realmente possamos dizer que estamos perante uma comunidade de aprendizagem é essencial que haja uma intencionalidade, envolvimento individual e colectivo dos membros nos processos, contextos e actividades de partilha e construção colaborativas das aprendizagens (Dias: 2007), caso contrário, como Dias salienta ao referir Schwier (2000), estaríamos perante uma rede de informação e comunicação.
Gostaria de me debruçar um pouco sobre a questão da comunicação e, deste modo, reforçar as ideias de intencionalidade e envolvimento dos membro de uma comunidade de aprendizagem referidas Dias (2007).
Na perspectiva de Paulo Freire, na sua obra Pedagogia do Oprimido (1975)
Este autor opõe-se fortemente à concepção bancária da Educação onde assistimos o“Somente na comunicação faz sentido a vida
humana.”
professor a narrar, a dissertar sobre conteúdos que supostamente domina (Freire:
1975). Neste contexto de “educação”(?) não há comunicação pois o alunos ouve
passivamente o que o professor tem para dizer. Assim, Freire (1975) diz-nos
que
“o pensar do educador somente ganha autenticidade na
autenticidade do pensar
dos educandos, mediatizados ambos pela realidade,
portanto, na
intercomunicação.”
É precisamente aqui que temos que
ter em conta o que Dias nos diz quando fala de intencionalidade e envolvimento
dos membros da comunidade. Por outras palavras, não pode haver comunicação na
forma de comunicados, mas sim uma intercomunicação (Freire: 1975).
É neste
contexto que Dias (2007) nos fala das práticas de mediação colaborativa
que ajuda a orientar as actividades, os conteúdos e contextos de aprendizagem
pretendidos, e onde surge também um aspecto importante para o funcionamente
saudável da comunidade de aprendizagem, a negociação pois como Dias (2007)
salienta
“a emergencia das comunidades resulta da intencionalidade
e práticas de
envolvimento que não se limita à interacção social ou à
aprendizagem
individual, mas estende-se, necessariamente, aos aspectos da
mediação
colaborativa na criação do conhecimento distribuído.”
Este é sem dúvida um assunto que, no dizer popular, daria pano para mangas. Porém
importa reter uma ideia fulcral em toda a temática: o surgimento,
desenvolvimento e crescimento das comunidade de aprendizagem vêm trazer novos
cenários de Educação e Formação ao longo da vida, mais flexiveis espacial,
temporal e, talvez mais importante, socialmente.
Cada um de nós tem os seus
pontes fortes, os quais, neste contexto de Educação/Formação, podem ser postos
ao serviço do conhecimento, enriquecendo os outros e nós mesmos pois este é um
ambiente de partilha.
Neste tipo de ambiente de aprendizagem é possível
abordar uma matéria de forma mais global, com as várias perspectivas a
interagirem, mas também de forma mais profunda na medida em que a construção do
conhecimento é dinâmica e não se reduz a um momento específico no
tempo.
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Textos fonte:
DIAS, Paulo (2007). Da rede de interacções aos contextos de aprendizagem nas comunidades virtuais (texto não publicado)
FREIRE, Paulo (1975). Pedagogia do oprimido. (?) Afrontamento/Porto.
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