terça-feira, 24 de abril de 2007

5. Impacto das comunidades de aprendizagem na educação e formação ao longo da vida

Antes de mais e para contextualizar o leitor é necessário definir comunidades de aprendizagem. Assim, Segundo Dias (2007), uma comunidade de aprendizagem representa um conjunto de indivíduos que interajem num


“ambiente de comunicação em rede, apresentando um forte sentido de
especialização das actividades bem como características de organização próprias
ao espaço virtual no desenvolvimento das interacções sociais e cognitivas.”

No entanto, para que realmente possamos dizer que estamos perante uma comunidade de aprendizagem é essencial que haja uma intencionalidade, envolvimento individual e colectivo dos membros nos processos, contextos e actividades de partilha e construção colaborativas das aprendizagens (Dias: 2007), caso contrário, como Dias salienta ao referir Schwier (2000), estaríamos perante uma rede de informação e comunicação.
Gostaria de me debruçar um pouco sobre a questão da comunicação e, deste modo, reforçar as ideias de intencionalidade e envolvimento dos membro de uma comunidade de aprendizagem referidas Dias (2007).
Na perspectiva de Paulo Freire, na sua obra Pedagogia do Oprimido (1975)

“Somente na comunicação faz sentido a vida
humana.”

Este autor opõe-se fortemente à concepção bancária da Educação onde assistimos o
professor a narrar, a dissertar sobre conteúdos que supostamente domina (Freire:
1975). Neste contexto de “educação”(?) não há comunicação pois o alunos ouve
passivamente o que o professor tem para dizer. Assim, Freire (1975) diz-nos
que

“o pensar do educador somente ganha autenticidade na
autenticidade do pensar
dos educandos, mediatizados ambos pela realidade,
portanto, na
intercomunicação.”


É precisamente aqui que temos que
ter em conta o que Dias nos diz quando fala de intencionalidade e envolvimento
dos membros da comunidade. Por outras palavras, não pode haver comunicação na
forma de comunicados, mas sim uma intercomunicação (Freire: 1975).
É neste
contexto que Dias (2007) nos fala das práticas de mediação colaborativa
que ajuda a orientar as actividades, os conteúdos e contextos de aprendizagem
pretendidos, e onde surge também um aspecto importante para o funcionamente
saudável da comunidade de aprendizagem, a negociação pois como Dias (2007)
salienta

“a emergencia das comunidades resulta da intencionalidade
e práticas de
envolvimento que não se limita à interacção social ou à
aprendizagem
individual, mas estende-se, necessariamente, aos aspectos da
mediação
colaborativa na criação do conhecimento distribuído.”



Este é sem dúvida um assunto que, no dizer popular, daria pano para mangas. Porém
importa reter uma ideia fulcral em toda a temática: o surgimento,
desenvolvimento e crescimento das comunidade de aprendizagem vêm trazer novos
cenários de Educação e Formação ao longo da vida, mais flexiveis espacial,
temporal e, talvez mais importante, socialmente.
Cada um de nós tem os seus
pontes fortes, os quais, neste contexto de Educação/Formação, podem ser postos
ao serviço do conhecimento, enriquecendo os outros e nós mesmos pois este é um
ambiente de partilha.
Neste tipo de ambiente de aprendizagem é possível
abordar uma matéria de forma mais global, com as várias perspectivas a
interagirem, mas também de forma mais profunda na medida em que a construção do
conhecimento é dinâmica e não se reduz a um momento específico no
tempo.

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Textos fonte:
DIAS, Paulo (2007). Da rede de interacções aos contextos de aprendizagem nas comunidades virtuais (texto não publicado)

FREIRE, Paulo (1975). Pedagogia do oprimido. (?) Afrontamento/Porto.


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